Tudo começou com uma luz.
Mas não era uma luz comum. Era viva, pulsante, como se tivesse consciência. Ela não cegava — iluminava por dentro.
Yurei Kisaragi abriu os olhos devagar, como quem acorda de um sonho que não queria deixar. Seu peito subia e descia lentamente, como se o ar ainda fosse estranho para os seus pulmões. E quando finalmente olhou para cima, viu algo que nenhuma lógica terrena poderia explicar.
O céu era um oceano de cores em movimento. Havia formas geométricas flutuando como nuvens, símbolos antigos dançando entre constelações. Era como se o universo estivesse resolvendo enigmas — por prazer.
Abaixo dele, o chão era um tabuleiro colossal. Cada peça sob seus pés emitia um brilho suave, como se reconhecesse sua presença. Runas que ele nunca viu antes se acendiam e se apagavam ao toque de seu corpo, como um código tentando decifrá-lo.
Ele se sentou lentamente. A leveza do ar contrastava com o peso da atmosfera. Tudo ali parecia... pensado. Calculado. Como se o mundo tivesse sido montado por uma mente superior.
Yurei olhou para as palmas das mãos. Estavam firmes, reais. Mas ele sabia: aquele não era seu mundo.
O silêncio ao redor era absoluto. Mas não vazio. Era um silêncio carregado de significado — como se o próprio espaço estivesse esperando que ele dissesse algo.
Foi quando sentiu a presença.
Uma figura encapuzada se aproximava. Seu manto prateado flutuava levemente, e seu rosto estava oculto por uma máscara sem expressão. Nenhum som. Nenhum passo. Apenas presença.
— Bem-vindo a Ludorum, Jogador Invocado — disse a figura. A voz não saiu da boca. Ela surgiu direto na mente de Yurei.
Ele se manteve em silêncio. Mas seus olhos, prateados e marcados por uma espiral girando lentamente, mostravam que estava absorvendo tudo.
— Você atravessou a Fronteira do Silêncio — continuou a figura. — Está no ponto onde as ideias tomam forma. Aqui, a realidade é um jogo. E todo jogo… tem regras.
Yurei não respondeu.
— Seu Olho do Vórtice já despertou. Isso te torna imprevisível.
Com um gesto, a figura apontou para o céu. Lá em cima, uma escadaria de luz começou a se formar, degrau por degrau, suspensa no ar. Ela não levava a lugar algum visível — apenas para cima.
— Suba — disse a figura. — Seu primeiro desafio o aguarda.
Yurei ficou parado por um instante. Respirou fundo. E deu o primeiro passo.
A escadaria era firme, mesmo flutuando no nada. Cada degrau que tocava se acendia, como se aprovasse sua decisão.
Ao olhar para trás, o tabuleiro já havia desaparecido. Não havia retorno.
A figura encapuzada se dissolveu em partículas de luz, sumindo com o vento silencioso.
Lá em cima, no topo da escadaria, uma porta aguardava.
Ele não sabia o que estava por vir. Não lembrava como chegou ali. Mas algo em seu peito dizia:
> Aquilo fazia sentido.
E assim... o jogo começava.
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