Chapter 14:

A Bruxa e a Súcubo (Portuguese)

Yuri next door


Acabei de lançar minha história na Amazon e espero que depois de ler o primeiro capítulo, vocês se interessem


                                                                  A Bruxa e a Súcubo

— Você não vai acreditar no que acabei de escutar! — disse uma garota. Apesar de manter a voz baixa, sua animação era clara.

— O quê? O que foi? — perguntou sua amiga, interessada.

— Vem cá! — disse, entrando no banheiro.

— Desembucha, Sarah — disse a outra, mais curiosa ainda.

— O Jason tava falando com um amigo sobre dar uma poção do amor pra Melida durante o almoço de hoje! — sussurrou numa voz agitada.

— Quê? Não pode ser! — gritou uma delas, sua voz ecoando pelo banheiro.

— Ele sabe que é proibido! Todo mundo sabe! — sussurrou outra garota.

— Pois é. Ele é idiota, mas não é pra tanto.

— O cara só pode ser se tá querendo fazer isso em um lugar cheio de gente.

— Ele pode até ser preso!

— Ele acha que vai se livrar de tudo só porque vem de família rica?

— Lembra daquela menina, a Gerope?

— Sim. Anda tá presa por ter dado uma poção do amor praquele cara.

— O Jason não quer fazer nada como aquilo — disse Sarah. — Pelo que ouvi, ele só quer humilhar a Melida um pouco.

— Cometer um crime só pra isso…

— É porque ela contou pra todo mundo que ele tava chifrando a namorada?

— Acho que sim. Falaram que a família dele quase tirou o coro dele.

— A garota era uma nobre, né não?

— Não acredito que ele vai fazer isso. É doideira.

— Não tem nada que a gente possa fazer?

— Deve ter. Não dá pra deixar isso passar.

— Precisamos avisar um professor.

— Não vamos fazer nada — disse Sarah.

— Você não pode tá falando sério.

— Ela não é a sua prima?

— É prima de uma prima. Mas relaxa porque escutei que ele não vai fazer nada com ela. Só humilhar um pouco. Se ele sequer pensar em tentar algo, a gente para ele. — Sarah tirou uma varinha do bolso de seu manto roxo escuro e apontou para os lábios, que ganharam uma tonalidade de vermelho mais profundo. Depois ela apontou para o cabelo, que ficou levemente encaracolado. — A Melida anda pedindo. Tá se achando só porque é amiga de muito rapaz por aí.

— Ela é uma súcubo, não é?

— Ouvi falar isso também, mas não sei se é verdade.

— Explica muita coisa. Tipo, não tem como ela ser amiga de tanto cara sem ser um demônio da luxúria.

— Aposto que ela tá dando pra todos. Ouvi que ela costumava sair com qualquer um que chamasse antes de vir pra escola.

— Ah, eu fiquei sabendo dessa também.

— Eu também.

— Se ela for mesmo uma súcubo, precisa de muito sêmen, né? — perguntou Sarah.

As outras riram.

— Você não sabe nada demonologia. Já reprovou quantas vezes nessa matéria?

— Cala a boca! Não sou boa em lembrar dessas coisas chatas!

— Fica fria. Mas, na real, se continuar sem estudar, vai reprovar de novo e nunca vai tirar sua licença de maga.

— Eu sei. Mas a Melida precisa sofrer um pouco. Assim vai parar de se achar a maioral só porque é amiguinha da diretora — disse Sarah. Ela terminou de arrumar a maquiagem e guardou a varinha. — Vamos ver. Mal posso esperar pra ver como ele vai humilhar ela.

As garotas saíram do banheiro, suas vozes ficando distantes enquanto elas se afastavam. Quando tudo ficou quieto, Jennifer saiu de dentro da cabine mais longe da porta.

Quando as ouviu vindo ao banheiro, a garota se escondeu sem pensar. Graças a isso, acabou ouvindo algo inacreditável.

Elas não podem estar falando de poções do amor como se não fosse nada! Isso é crime! Fazer alguém beber uma é um crime grave, ainda que tenha sido uma poção diluída! Preciso avisar os professores. Mas se ele planeja fazer isso agora, os professores não vão chegar a tempo, pensou Jen, mordendo os lábios. Se eu tivesse um familiar, podia enviá-lo até um professor em segundos…

Após hesitar por um instante, ela saiu do banheiro e olhou para os dos lados. À sua esquerda, quase virando o corredor, viu uma das garotas que estava no banheiro segundos atrás e correu atrás dela o mais rápido que podia.

Quando as alcançou, estavam todas no refeitório já. Apesar de arfar, suar e sentir dor nas pernas, Jen olhou ao redor, procurando por Melida entre as centenas de alunos no lugar imenso.

Embora não fossem amigas ou sequer tivessem trocado uma palavra, Jen sabia quem era. Era impossível não saber. Melida era famosa por toda escola. Não era apenas inteligente e talentosa, amada pelos professores, mas também tinha um longo cabelo vermelho lustroso e pele escura, ela era uma das garotas mais bonitas da escola. Graças a isso, Jen precisou de só um segundo para encontrá-la.

Ela estava almoçando em uma mesa cheia. Todos conversavam e riam, mas, quando ela desviou o olhar por um segundo, Jason, sentado ao seu lado, rapidamente pegou um vidrinho do bolso, tirou a tampa com o dedão e colocou o líquido transparente de aspecto cor-de-rosa na taça dela.

As garotas que estavam no banheiro olharam preocupadas uma para a outra. Só Sarah observava, interessada. Apesar de sentir dor e com dificuldade para respirar, Jen andou o mais rápido que podia. Mesmo assim, Melida riu e pegou sua taça, Jen sabia que não conseguiria impedi-la de ingerir a poção a tempo.

— Não beba! — gritou. Seu aviso não chegou a quase ninguém e os poucos que ouviram não deram atenção. — Ele colocou uma poção do amor aí! — gritou Jen com toda a capacidade de seus pulmões.

Mais pessoas a ouviram dessa vez. Conforme as palavras poção do amor se espalharam, os barulhos no refeitório cessavam. Alguns segundos depois, o local todo ficou em silêncio.

— Não… beba… — disse Jen enquanto tentava recuperar o fôlego.

Jason a encarou. Melida olhou para ela com uma expressão surpresa. Depois olhou para sua própria taça e a levou até o nariz, cheirando-a.

— Não sinto nada de estranho. Mas…

Antes que Jason pudesse reagir, ela estendeu a mão e procurou dentro do bolso de seu manto.

— Ei! — gritou Jason. Ele tentou se livrar dela, mas ela tirou a mão de seu bolso antes disso.

— O que é isso? — perguntou Melida, balançando um pequeno frasco de vidro. Embora estivesse vazio, havia algumas gotas do líquido rosa quase transparente.

— Um estimulante — respondeu ele imediatamente. Embora sua voz estivesse calma, seus olhos o traíam. Ele encarou o frasco como se esperasse pela chance de pegá-lo e dar fim nele.

— Só um estimulante, hum? — disse ela, balançando o vidrinho longe do alcance dele. — Você colocou isso na minha bebida.

— Não.

— Ele… tá… mentindo… — Jen alcançou a mesa. Ela colocou as mãos sobre os joelhos para recuperar o ar. — Eu o vi colocando isso… na sua taça… quando… você não estava… vendo…

— Mentira! — gritou ele.

— Eu também vi — disse um cara na mesa de Melida.

— Eu também.

— Idem…

Sabia que ele não era dos mais espertos, mas cometer um crime desses na frente de tanta gente, pensou Jen, ainda com dificuldade para respirar. Cada arfada doía seus pulmões.

— N-Não é uma poção do amor! É só um estimulante! Juro pelo nome do Rei Demônio Herói! — disse, agitado e mais nervoso enquanto olhava ao redor, seu rosto ficava mais e mais pálido. — Se não quiser, eu bebo! — Ele tentou pegar a taça de Melida, mas ela tirou de seu alcance.

— Está tudo bem. Obrigada pelo estimulante — disse, tomando o conteúdo do copo.

— Não! — gritou Jen. Ela tentou pegar a taça, mas era tarde demais.

Melida engoliu tudo de uma vez, passando a língua pelos lábios para se certificar de que não desperdiçou uma única gota. Ela estava com uma expressão confiante, mas então seu rosto relaxou e ela fechou os olhos.

— Realmente, uma poção do amor — disse, calma, respirando fundo.

— Agora você vai me pagar pelo que fez! — gritou Jason, triunfante. — Foi por sua culpa que perdi o noivado!

— Me recuso.

Ainda de olhos fechados, Melida estendeu a mão para longe da mesa, até o manto de Jen, e a aproximou. Só depois ela abriu os olhos. Estavam tão próximas que a bruxa ocupava todo o seu campo de visão.

— Quê? — Foi tudo o que Jen pode dizer, piscando, confusa.

— Você tentou me ajudar, não foi? — disse Melida com sua voz amável, tocando o nariz de Jen enquanto dois corações grandes apareciam em seus olhos. — Obrigada.

— Quê?! — Jen e Jason gritaram em coro.

Antes que alguém pudesse fazer qualquer coisa, Melida tirou os óculos fundo de garrafa de Jen e a beijou.

— Quê?!

Todos observaram em silêncio, curiosos ou chocados demais para falar. Então os murmúrios começaram a se espalhar pelo refeitório.

— Era mesmo uma poção do amor…

— Não acredito que ele fez isso…

— É crime…

— Rico ou não, já era pra ele.

— Que babaca.

Jason olhou ao redor, seu rosto só perdia o resto de cor. Antes que conseguisse fugir, a vice-diretora, junto de alguns professores, apareceu.

— O que está acontecendo aqui?

Enquanto Jen explicou a situação, Melida estava abraçada em suas costas como se fossem amantes que não se viam após muito tempo. Um dos professores levou Jason até a secretaria enquanto os outros tentavam dispersar a multidão.

— Não acredito que ele usou algo tão perigoso quanto uma poção o amor — disse Leila, a elfa de pele escura e vice-diretora, ela balançava a cabeça com a expressão sombria. Depois olhou para as garotas com um olhar misterioso, quase curiosa. Não importa o quanto Jen tenha tentado se livrar dela, Melida se recusava a desgrudar da garota, apenas aumentava a força de seu abraço. — A professora de poções saiu no momento, mas ela logo voltará até a noite. Pode cuidar dela até então?

— E-Eu posso fazer um antídoto se tiver os ingredientes — disse Jen, cansada. Ela desistiu e simplesmente deixou Melida a abraçar e descansar sua cabeça sobre a dela. Não havia como ela lidar com todo aquele comportamento de namorada melosa pelo resto da tarde.

— Maravilhoso. Sempre podemos contar contigo, Jennifer. Me diga quais os ingredientes e providenciarei.

Após ouvir a lista, ela saiu rapidamente, deixando as duas a sós. Jen suspirou e se virou para Melida, que sorria para ela, seus olhos ainda estavam com aquele par de grandes corações. Ela corou sem querer e desviou o olhar.

Nunca falei com ela, mas ela é realmente bonita, pensou Jen. No instante seguinte, ela ficou mais vermelha. Pensando bem, esse foi meu primeiro beijo… e foi com outra garota. Nunca esperava que nada disso fosse acontecer

— V-Vamos para o meu quarto para eu poder começar as preparações para o antídoto — disse.

— Não precisa — respondeu Melida. Seus olhos voltaram ao normal em um piscar de olhos e sua expressão melosa desapareceu.

— Quê?! — disse Jen, piscando. — Não era uma poção do amor?!

— Era. Mas essas coisas não funcionam em mim.

— Você não foi afetada? — perguntou. Apesar da surpresa, Jen logo entendeu o motivo. — Ah! Súcubos não são afetadas por poções do amor porque são os demônios do amor!

— Exato. — Melida sorriu e assentiu.

— Então o rumor era verdade.

— Você é esperta como todo mundo fala. Mas errou numa parte. Apesar dos rumores, não sou uma súcubos. Minha vó que é. Meu sangue demoníaco é fraco demais. Sou majoritariamente humana, embora tenha algumas partezinhas de súcubo — explicou. Depois seu rosto ficou um pouco pálido. — Por favor, não conte a ninguém sobre isso. Já tem muita gente falando muita coisa sobre mim. Se descobrirem que sou parte súcubos, vou ser culpada por todo término de namoro aqui na escola e não estou afim de lidar com isso. Sem falar dos caras que vão vir querendo tirar uma casquinha, me poupe.

— Entendi… Bom, relaxa. Não vou falar pra ninguém.

— Valeu. — Melida suspirou, aliviada.

— Mas, se você não foi afetada pela poção, porque… — Jen corou e desviou o olhar, tocando os lábios de leve e sussurrou o final. — Por que me b-beijou?

— Foi mal por isso. Eu precisava fingir que tinha me apaixonado por você. Se não fizesse isso, as pessoas podiam descobrir sobre meu lado súcubo. Ou, pior, o Jason podia ter passado impune dizendo que não era uma poção do amor.

— Os professores poderiam ter analisado a poção na taça ou as gotas no frasco. Não tinha motivo para tomar e me b-beijar…

— Ah… Não pensei nisso. Esse sim é o crânio desta escola! — disse Melinda, sorrindo.

Jen corou de novo e desviou o olhar.

E foi assim que a amizade delas começou.

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Yuri next door


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