Chapter 2:

Life, Afterlife — Livro 1 part. 2

(PT-BR) Life, Afterlife: Various Lifes in Another World (Vol 1)


Capítulo 4: Quando Todas as Flores do Jardim Choraram

O silêncio pairou no jardim da mansão, interrompido apenas pelo farfalhar suave das folhas e pelo sussurro do vento. Haruto e Althea permaneciam próximos, ainda absorvendo o peso da conversa anterior. Porém, uma súbita mudança no ar fez ambos prenderem a respiração.

O céu azul começou a se transformar lentamente. As nuvens se dissiparam, revelando uma tonalidade de azul tão escura quanto o crepúsculo. Não só o céu, mas toda a atmosfera ficou obnóxia como uma pintura aquarela, muito abstrata, por ser tão densa. O ar também ficou denso, como se o próprio espaço ao redor estivesse prendendo a respiração.

— Haruto... — Althea sussurrou, dando um passo à frente, seus olhos esverdeados agora refletindo o estranho céu acima. O som de passos suaves ecoou pelo jardim, embora nenhuma folha se movesse sob o peso deles. Uma figura feminina surgiu entre as flores, seus cabelos azul-neon brilhantes esvoaçando e cobrindo seus olhos, batendo nas bochechas de seu rosto redondo, como ondas em um mar sombrio. Ela era baixa e tinha uma pele branca, usava um manto preto. Os olhos da jovem, brilhando como safiras molhadas, estavam cobertos por lágrimas silenciosas.

— Q-Quem é você?? — perguntou Haruto, com o coração batendo descompassado.

A garota não respondeu de imediato. Em vez disso, deu mais um passo à frente. Seus pés descalços tocavam a grama sem fazer ruído, e as flores ao seu redor pareciam murchar à medida que ela se aproximava.

— Quando o céu se desfaz em lágrimas, o destino se molda em dor... — murmurou a jovem, sua voz tão suave quanto o som da chuva. — Vocês... Por que vocês feriram a eles...? — Uma lágrima escorreu por sua bochecha, cintilando como cristal sob o céu escuro.

— O que quer dizer com isso? Quem é você?! — Althea avançou um passo, tentando manter a compostura, mas o aperto em seu peito era quase insuportável.

A jovem, sem responder, ergueu a mão, e uma onda invisível de emoção se espalhou pelo ar. Instantaneamente, os olhos de Haruto e Althea se encheram de lágrimas involuntárias. A dor em seus peitos era profunda e inexplicável, como se tivessem revivido todas as perdas e medos que já sentiram.

— Pare com isso! — Haruto gritou, segurando o peito enquanto as lágrimas escorriam sem controle. — O que você está fazendo com a gente?! Não... Não foi culpa minha... não foi culpa minha!!!

— Meu mundo chora... O que vocês me obrigaram a fazer...?? Eu... Com minhas próprias mãos... sniff... eu matei, eu matei, eu matei, eu matei, eu matei...! as flores... as... as... todos morrem... vocês me enojam e me dão ânsia com sua tristeza... nojo, nojo, nojo...! — Ela fez uma pausa, seus olhos encontrando os de Haruto com uma intensidade cortante. — vocês... você matou... todos eles... por quê...? Haru... kun...—

Althea caiu de joelhos, tentando conter as lágrimas que queimavam seus olhos.

— Quem... é você?! Para... com isso...! — perguntou e soluçou repetidamente, com a voz falhando.

A garota inclinou a cabeça levemente, como se estivesse ouvindo algo distante. Ela então faz um sinal de reza unindo suas mãos.

— Wahh...... Eu não quero ir... Eu estou de luto, mestre... me deixe penar mais pelos que se foram... — sussurrou, com uma feição tão triste quanto o céu acima deles. Ela então, em fração de segundos voa, seu vestido longo com longas mangas formam um espiral no ar, e ela rapidamente para na frente de Haruto, como se pudesse enxergar através de sua alma. O mesmo, congela de medo, ainda chorando incontrolavelmente. — Haru-Kun... não... se você pegar o Papiro... O Azrael-san morre... se você queima o Papiro... ele volta, mas Malik-san morre... se você coleta os Epitáfios com os seus amigos... o Belphegor e o Azazel morrem... mas os outros... eles não morrem Haru-Kun... eles são muito mais fortes que vocês todos juntos, Haru-Kun... — Ela põe seu rosto próximo ao de Haruto, e o vento gélido bate no rosto dela, tirando seus cabelos dos olhos e revelando: seus três lindos olhos com cores arco-íris, grandes, ondulantes e chorosos, lágrimas se escorrem dos seus dois olhos “comuns”, enquanto o terceiro olho em sua testa, não reage se maneira alguma. — Haru-kun... as vidas vocês me tiram... retribuiremos na mesma moeda para você... uuuuguu... sniff... eu choro... EU CHORO!

Antes que Haruto pudesse reagir, um som de gotas ecoou ao redor, como se o próprio ar estivesse chorando. Em um piscar de olhos, a moça desapareceu, deixando apenas o aroma das flores molhadas e a lembrança amarga de suas palavras.

O silêncio voltou ao jardim, mas o peso do encontro ficou gravado em seus corações. Está chovendo, agora.

— O que aconteceu Althea? Quem era ela? O-o que ela quis dizer com tudo aquilo?? Por que... Por que não consigo parar de chorar...? — Antes que Haruto percebesse, ao olhar em sua frente, estava Althea... chorando da mesma forma que ele, involuntariamente.

— Haruto... Me perdoe... Eu não sei quem ela é. Mas ela deve ser do Culto X... eu só... eu não pude fazer nada. — Althea suspirou e ficou cabisbaixa, aproveitando que estava chorando, desabafou. — Estou me sentindo uma inútil, Haruto! Me perdoa...! Você não sabe nada sobre magia, e tudo o que eu pude fazer foi chorar!! Eu não pude te proteger!

Haruto se espanta com a reação emotiva de Althea, parece que sua personalidade mudou drasticamente. Ele então dá um passo a frente, e segura a mão de Althea. Ela se assusta, e de mãos dadas correm guiados por Haruto, em direção a um gazebo, para se abrigarem da chuva. — Senhorita Althea...

— H-Haruto...? N-não me chame de senhorita, garoto... — Ela olha para Haruto, ainda chorando, com um pouco de vergonha, e adicionalmente mais triste do que antes.

Ele enxuga as lágrimas da jovem moça com seus dedos, e alisa a pontinha de seu cabelo, colocando alguns fios sobre sua orelha.

— Althea, está tudo bem. Você não pode fazer nada, mas e aí? Eu também não pude e provavelmente jamais poderei. Aquela garota... Não parecia ser, nem de longe, alguém normal. Ou por acaso você já viu algo mais poderoso do que ela...? Tenho certeza que já viu, não é?

Althea tenta se acalmar e parar de chorar, mas os dois parecem estar sob efeito de algum feitiço, e não conseguem parar.

— Haurto... bom... talvez o Senhor Ragenhilde seja do mesmo grau de poder que essa garota desconhecida, mas... eu não tenho certeza! — Suas lágrimas então preenchem todo o interior de seus olhos, fazendo com que ela os feche por reação. — Eu estou com medo... de verdade...

— Althea... Recomponha-se! — Haruto exclamou, enquanto segurava as duas mãos dela. Ela então, avermelha as bochechas, e se espanta com a reação de Haruto. — Althea, nós não nos conhecemos muito bem ainda, mas o que eu pude ver, lá no vilarejo, no que lhe diz respeito... Você me parece ser uma garota forte e decidida do que deve fazer, eu vi isso no seu olhar, na sua postura forte! Pois então.... Se agora eu vou encarar um mundo desconhecido a partir de hoje, então não vou deixar você abaixar a cabeça e não ser capaz de a levantar!! — Ele então solta as suas mãos, e olha para o horizonte. A chuva parou, e os dois, pararam suas lágrimas.

— O que você me diz... Althea? Eu já me decidi, e com isso eu sei, podemos ser fortes, e também sermos fracos... Mas todos juntos! — Haurto se vira e dá a Althea um sorriso inocente, enquanto todo o mundo parece se preencher de cor novamente, com os pássaros voando e o sol voltou a raiar, levantando vários belos arco-íris no azul do céu.

— Haruto, você...

O sol agora iluminava suavemente o jardim da mansão, suas cores vivas voltando a preencher o mundo ao redor. As gotas da chuva escorriam pelas folhas e pétalas, refletindo a luz em pequenos brilhos que pareciam joias. O ar ainda trazia um leve frio, mas a sensação de opressão havia desaparecido, como se o próprio mundo estivesse tentando confortar os dois jovens após o encontro perturbador.

Haruto deu um passo à frente, olhando para o céu com um misto de alívio e apreensão. Ele ainda sentia o peso das palavras da garota de três olhos em seu peito, mas o calor da mão de Althea, que ainda segurava a sua, o mantinha firme.

— Bom... parece que passou — disse ele, tentando quebrar o silêncio. — Não faço ideia do que aquela garota quis dizer com tudo aquilo, mas... eu acho que isso foi um aviso.

Althea concordou lentamente, seus olhos verdes ainda úmidos das lágrimas involuntárias. Ela respirou fundo, buscando a força que Haruto havia visto nela antes.

— Sim... um aviso. E, pelo que ela disse... não foi apenas para você, Haruto. — Ela apertou levemente a mão dele. — Seja o que for que esteja vindo, acho que nós dois estamos envolvidos nisso.

— Então acho que precisamos nos preparar — respondeu Haruto, tentando demonstrar confiança, mesmo com o coração acelerado. — Se eu vou viver nesse mundo, não posso mais ficar parado esperando as coisas acontecerem. Eu quero entender a magia... quero aprender a me defender... e a proteger quem estiver ao meu lado.

Althea o encarou por um momento, como se tentasse medir a seriedade de suas palavras. Então, com um leve sorriso, ela assentiu.

— Nesse caso... vou ensinar o que puder. Não sou a melhor maga de Luminugica, mas posso te ajudar a dar os primeiros passos.

Haruto sentiu o peito se aquecer com aquelas palavras. Era estranho o quanto, em tão pouco tempo, aquela garota havia se tornado alguém em quem ele sentia que podia confiar. Ele apertou os punhos, determinado.

— Então vamos começar o mais rápido possível. Não quero esperar até o próximo aviso... ou até que seja tarde demais.

O vento soprou suavemente entre as árvores, como se o próprio mundo tivesse ouvido sua decisão. A partir daquele momento, o caminho de Haruto e Althea havia mudado – e o destino de Luminugica começava a se moldar a cada passo que dariam juntos. E então começaram.

Capítulo 5: Ecos na Escuridão

A lua cheia pairava sobre a capital de Solaria, lançando sombras distorcidas nas ruas de pedra molhada. O som de passos apressados ecoava pelos becos estreitos, misturado ao som das capas encharcadas pelo sereno da noite. Três figuras encapuzadas avançavam, seus olhos varrendo o entorno com ansiedade.

— Depressa! Antes que alguém da vanguarda chegue! — sibilou o primeiro, segurando uma bolsa de couro manchada de sangue.

— Os cavaleiros estão rondando em patrulha hoje... Estamos arriscando demais... — murmurou o segundo, a voz trêmula.

O terceiro parou de súbito, olhando para trás com olhos arregalados.

— Shhh... Ouviram isso? — sussurrou.

O silêncio pairou por um momento, quebrado apenas pelo gotejar da água nas calhas das construções. As figuras retomaram a caminhada, dobrando uma esquina e desaparecendo dentro de um galpão abandonado. O ar lá dentro estava carregado de ferro e incenso queimado, com tochas lançando luz trêmula sobre paredes manchadas. No centro, uma mesa de pedra jazia marcada com símbolos rúnicos, pintados em vermelho sangue, claramente com o sangue de alguém ou vários, que já havia secado ali, mas ainda úmida do último sacrifício.

Dois homens os aguardavam. Um homem de penteado espichado com cabelos de cor de ouro e olhos violeta, olhos impuros cheios de ódio e maldade, usando uma túnica diferente dos demais, assim como o outro homem, suas túnicas eram de cor preta enquanto a dos outros três cultistas, era branca. O outro homem estava ao lado da mesa, segurando uma adaga de lâmina negra cujo brilho parecia devorar a luz ao redor. Seus olhos acinzentados, indiferentes, varreram os recém-chegados, possuía cabelos longos e um tapa-olho em seu olho esquerdo, seu olho visível tendo uma íris preta. Ele estava mais afastado, inclinou levemente a cabeça, os cabelos desgrenhados caindo sobre o rosto. O sorriso torto e o olhar fosco, como o de um corpo sem vida, denunciava uma insanidade latente.

— Vocês demoraram... — O homem de cabelos dourados disse, a voz fria como o aço da lâmina. — Eu detesto esperar.

Os cultistas se ajoelharam de imediato.

— P-perdão, mestre Malik! Conseguimos as oferendas, mas quase fomos vistos pela Guarda Real!

O outro homem que estava distante deu um passo à frente, agachando-se diante do mais jovem dos cultistas.

— Hehehe... hehehehehe...... hahahahahahahahahahaha... Medo? É isso que vejo em seus olhos? — Ele aproximou o rosto, o hálito quente de quem estava à beira da loucura. — O medo... ah, o medo... essa tão maravilhosa sensação, alimenta nosso deus... Mas eu me pergunto... e se fosse você deitado nesta mesa, hoje à noite? Hein...? Hein?! ME RESPONDA!

— P-por favor, mestre Azrael! Nós somos leais! N-n-nós juramos...! — o jovem implorou.

— Então provem — Malik interveio. — Mostrem que não são apenas vermes rastejantes.

Ele ergueu a adaga, e a lâmina pareceu vibrar em antecipação.

— Não...! Não, p-p-p-por favor...! — O primeiro cultista tentou se levantar, mas Malik foi mais rápido. Em um movimento fluido, ele agarrou o homem pelo pescoço, ergueu-o no ar e cravou a lâmina em seu peito. O sangue escorreu quente, tingindo o piso de pedra. O corpo caiu com um baque surdo, enquanto os outros dois cultistas tremiam de pavor.

Azrael gargalhou alto, o som reverberando pelas paredes.

— Hehehe... AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!! Que visão adorável...! Vamos lá! Vocês não querem decepcionar o seu mestre, querem? Hein? HEIN???!

Os dois cultistas remanescentes se curvaram ainda mais, tocando o chão com as testas.

— P-pelos desígnios do deus oculto! — gritaram.

Malik limpou a lâmina na túnica do morto e deu um passo à frente.

— Na noite de amanhã... — começou, cada palavra pingando com uma ameaça velada — Solaria lembrará o nome do Culto X. A cidade inteira temerá diante do que está por vir.

Antes que pudesse continuar, um ruído metálico cortou o ar. Algo brilhou na penumbra, e um dos cultistas caiu com um gemido abafado, uma lâmina atravessada em seu ombro. O terceiro mal teve tempo de gritar antes de uma sombra se mover na entrada do galpão.

Uma figura de armadura prateada se destacou contra a escuridão, seus olhos da íris laranja brilhando como os de um predador. A longa espada de madeira em sua mão esquerda pingava sangue, enquanto a direita repousava sobre o cabo de outra lâmina na cintura.

— Então... é aqui que as ratazanas se escondem. — Era ele. A voz de Caelum Yulenhor, um dos guerreiros mais fortes deste reino, cortou o ar como uma lâmina.

Azrael inclinou a cabeça para o lado, o sorriso alargando-se ainda mais.

— Hehehehehahaha... Que bela surpresa, não é mesmo, Malik? Será que o destino resolveu nos testar? Ah, eu adoro testes! Adoro, adoro, adoro!!

— Não baixe essa sua guarda, Azrael — Malik alertou. — Este homem... está longe se ser alguém normal.

Caelum deu um passo à frente, os olhos fixos nos dois vilões.

— Pois muito bem. Eu sou o Cavaleiro Real da Vanguarda Central, da Elite da Coroa do Rei, Caelum Yulenhor. Em nome da Cavalaria Real do reino de Solaria, vocês estão condenados. Não há escapatória. As saídas são: sair com vida presos, ou simplesmente perderem a vida aqui mesmo.

O ar ficou denso, o silêncio quebrado apenas pela respiração dos presentes. A escuridão da noite parecia aguardar ansiosa pelo confronto iminente.

Caelum avançou sem hesitar. O som metálico de sua armadura ecoou pelo galpão enquanto sua espada cortava o ar em um arco feroz. Malik desviou para o lado, seus olhos sanguinários brilhando com frieza. Azrael, por sua vez, soltou uma gargalhada insana antes de lançar-se contra o cavaleiro.

— Hehehe! Mostre-me o que sabe, cavaleiro de Solaria! — gritou Azrael, seus movimentos rápidos como o de um animal selvagem.

Caelum ergueu a espada de madeira para bloquear as garras de metal que Azrael usava em ambas as mãos. O som do impacto ecoou como o rugido de uma fera. Malik aproveitou a abertura, deslizando como uma sombra e desferindo um golpe com sua adaga negra. Caelum girou o corpo no último instante, desviando a lâmina que passou a milímetros de seu rosto, deixando um corte superficial em sua bochecha.

— Dois contra um, é isso? Covardes... — rosnou Caelum, recuando com um salto ágil.

Malik não respondeu. Seus olhos analisavam cada movimento do cavaleiro, enquanto Azrael continuava avançando de forma imprevisível. A cada golpe, faíscas saltavam quando as garras de Azrael raspavam na armadura de Caelum. O cavaleiro desferiu um chute no peito do cultista, jogando-o contra a parede de pedra com um baque surdo.

— AAAAAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!! — Azrael gargalhou, mesmo após o impacto. Seus olhos verdes brilhavam com um prazer doentio. — ISSO, ISSO!!! ME MACHUQUE MAIS, CAVALEIRO!

— Cale a boca! — rugiu Caelum, investindo com um golpe descendente.

Azrael rolou para o lado, enquanto Malik surgiu à direita do cavaleiro. O tapa-olho do vilão parecia brilhar sob a luz das tochas enquanto ele desferia uma série de ataques rápidos e precisos. A adaga negra cortava o ar como se dançasse, deixando rastros sombrios em seu movimento. Caelum recuou, parando cada golpe com sua espada, mas sentiu o impacto começar a pesar em seus braços.

— Você não vai durar muito mais tempo... — Malik murmurou, sua voz fria como o aço.

— Isso é o que nós vamos ver. — Caelum retrucou, com um sorriso debochado.

Num movimento rápido, ele chutou uma das tochas do chão, lançando-a contra Malik. O vilão desviou, mas a distração deu a Caelum o tempo necessário para atacar. Sua espada atravessou o ar como um raio prateado, cortando o ombro de Malik e rasgando a túnica preta. Malik recuou com um grunhido de dor, sangue escorrendo pelo braço.

— Hahaha... Vejo que você sabe morder... — Malik sussurrou, um sorriso frio nos lábios.

Azrael, aproveitando a brecha, saltou sobre Caelum como uma fera, as garras brilhando na luz das tochas. O cavaleiro mal teve tempo de erguer a espada para bloquear. O impacto o lançou para trás, derrubando-o contra a mesa de pedra. O som seco da queda reverberou pelo galpão.

Malik avançou em seguida, desferindo um golpe vertical com a adaga. Caelum rolou para o lado no último instante, a lâmina cravando-se na pedra, rachando-a. O cavaleiro se levantou rapidamente, sangue escorrendo de um corte na testa, manchando sua armadura prateada.

— Está na hora de acabar com isso... — murmurou Caelum, apertando o cabo da espada com força.

Ele deu um passo à frente, os músculos tensos enquanto reunia todas as suas forças. Malik e Azrael se entreolharam, como se soubessem que o cavaleiro estava prestes a dar tudo de si.

— Venham! — rugiu Caelum, investindo como um trovão prateado.

Azrael e Malik avançaram ao mesmo tempo. O som do choque entre as lâminas ecoou pelo galpão, acompanhado de faíscas e o cheiro de metal quente. O cavaleiro desferiu uma série de golpes velozes, obrigando os dois vilões a recuar. Ele girou a espada em um arco amplo, derrubando Azrael no chão com um golpe no peito. Malik tentou aproveitar a abertura, mas Caelum desviou, girando sobre o próprio eixo e golpeando o vilão no abdômen, fazendo-o cambalear para trás.

— Tsc... maldito... — Malik cuspiu sangue, seus olhos acinzentados brilhando com raiva.

Antes que Azrael pudesse se levantar, Caelum cravou a espada de madeira em sua perna, prendendo-o ao chão. O cultista soltou um grito de dor, mas a gargalhada insana não demorou a retornar.

— AHAHAHAHAHA!!! SIM! MAIS, MAIS!!! EU ADORO ISSO!!! — gritou Azrael, mesmo enquanto o sangue escorria pela perna.

— Acabou a brincadeira! — gritou Caelum. — Se querem uma luta justa... — Ele ergueu a mão direita, murmurando algo em voz baixa. — Então eu vou dar a vocês uma amostra do poder dos Cavaleiros Reais!

O ar ao redor dele começou a vibrar. Faíscas douradas surgiram no ar, girando ao seu redor em espirais rápidas.

— Magia de Aprimoramento, Rank 9: — Com um rugido, Caelum com sua espada em suas duas mãos, avançou em um salto insanamente veloz, como se estivesse voando, em direção aos inimigos. Um raio dourado cortou o ar em espiral, iluminando o galpão com uma luz intensa. — Avanti Lux! — Caelum bradou. Malik se lançou para o lado, mas Azrael, mais lento devido ao ferimento, não teve tanta sorte. O feixe o atingiu no peito, lançando-o contra a mesa de pedra. O impacto fez a estrutura rachar sob o peso do cultista.

— AAAAARRRGHHH!! — gritou Azrael, o corpo tremendo com a dor do impacto.

— Patético... Se prepare agora. — Murmurou Malik, os olhos brilhando com desdém. Ele ergueu a adaga negra, sussurrando em uma língua antiga enquanto uma aura sombria subiu, envolvendo seu corpo. O ar ao redor ficou denso, como se a própria escuridão do galpão ganhasse vida.

Magia Proibida, Rank 0: Avenzhid Lamia. — Malik invocou.

Do chão, tentáculos de sombra brotaram, serpenteando em direção a Caelum. O cavaleiro saltou para trás, mas um dos tentáculos envolveu seu tornozelo, puxando-o violentamente ao chão. Malik avançou com a adaga em mãos, pronto para finalizar o oponente.

— Morra, inseto! — rosnou Malik, a lâmina negra brilhando com uma aura maligna.

Mas Caelum não estava acabado. Com um grito de determinação, ele estendeu a mão livre, e a espada de madeira voou do chão direto para sua mão. Girando o corpo, ele cortou o tentáculo de sombra que o segurava e rolou para o lado, escapando por um triz da adaga de Malik.

— Você não vai vencer tão facilmente! — gritou Caelum.

Azrael, ainda tonto, cambaleou ao se levantar, os olhos sem vida, agora brilhando com uma aura insana. Ele ergueu as mãos e gritou:

— Magia Negra, Rank 8: Sinfonia do Desespero!!

Ondas sonoras invisíveis se espalharam pelo ar, atingindo Caelum com força. O cavaleiro sentiu o impacto em seu peito, como se dezenas de punhos invisíveis o golpeassem de uma só vez. Sua visão ficou turva, os ouvidos zunindo com o som agonizante.

— Hehehe... Vamos ver quanto tempo você aguenta antes de enlouquecer... — sussurrou Azrael, o sorriso torcido em seu rosto.

— Não... tão fácil assim...! JÁ... CHEGA! — Caelum ecoou. Ele cravou a espada no chão e, com um esforço titânico, reuniu sua energia. As faíscas douradas voltaram a girar ao seu redor, crescendo em intensidade.

— Magia Sagrada reduzida, Rank 10: SACRAE EXPLOSIONIS! — ele rugiu.

Uma onda de luz branca explodiu a partir de seu corpo, varrendo o galpão em um clarão ofuscante. Malik saltou para trás, protegendo os olhos, enquanto Azrael foi arremessado contra a parede. A onda de choque eliminou completamente aquele galpão, deletando tudo aos arredores, deixando apenas uma cratera naquele beco, e nada mais. O povo daquela região, passava agora a ligar as luzes de suas casas, procurando a origem do som estrondoso e da poeira que agora acobertava os quarteirões próximos.

Quando a luz se dissipou, Caelum avançou como um raio. Com um golpe certeiro, ele derrubou Azrael, imobilizando-o ao chão com o peso do joelho sobre o peito do cultista. Azrael tentou resistir, mas Caelum segura sua cabeça e a arremessa no chão, fazendo um som altíssimo de queda o fazendo gritar pela dor da colisão, Caelum então pressionou a ponta da espada contra seu pescoço.

— Renda-se! — ordenou, o olhar ardendo com fúria.

— AHAHAHA... RENDER-ME? EEEEUU???? NUNCA!!! — Azrael gargalhou, cuspindo sangue, mas seus movimentos enfraqueciam a cada segundo.

Malik, vendo a situação, cerrou os dentes. A luta estava perdida. Ele girou nos calcanhares, correndo em direção à saída.

— MAS O QU-... MALIK!!! COMO É COVARDE! HAHAHAHAHAHA!!! — berrou Azrael, a voz rouca de desespero.

— Se quer viver, aguente sozinho! — Malik respondeu sem olhar para trás, desaparecendo na escuridão da noite.

Caelum hesitou por um segundo, dividido entre capturar Malik ou finalizar Azrael. Por fim, apertou a ponta cega da espada contra o pescoço do cultista.

— Terceiro Dedo da Mão do Culto X, Azrael Lorthaire, em nome da Cavalaria Real de Solaria, você está preso. Se resistir, não terei piedade.

— Hehehe... HAHAHAHAHAHA!!! — Azrael riu, os olhos arregalados de puro delírio. — ISSO É SÓ O COMEÇO, CAVALEIRO!!! O DEUS OCULTO ESTÁ NOS OBSERVANDO... VOCÊS NÃO ENTENDERAM!!! NINGUÉM ESTÁ A SALVO!!! AHAH--

Caelum não respondeu. Com um golpe preciso no ponto certo da nuca, fez Azrael desmaiar.

Respirando pesadamente, o cavaleiro se levantou, o sangue escorrendo pelos cortes leves na armadura. Malik havia escapado, mas a captura de Azrael era uma vitória. Ainda assim, Caelum sabia que a batalha contra o Culto X estava longe de acabar.

— Capturei o terceiro dedo. Ele claramente era mais fraco que o outro homem. Então, aquele pode ser tanto o quarto, quanto o quinto dedo. “Malik”, não é...? Este é novidade para mim. Malik... Eu vou encontrá-lo. — murmurou ele, apertando o cabo da espada com força. — E quando esse dia chegar... não haverá fuga.

Epílogo: Aquilo que Ainda Está Por Vir

E está prestes a amanhecer, o céu dividido entre a cor forte alaranjada da luz do sol, e a escuridão efêmera da noite. A cidade, ainda abalada pelos eventos da noite anterior, repousava sob um véu de incerteza. Mas, além dos limites do reino, sob o véu da escuridão, o verdadeiro perigo despertava.

Em uma câmara subterrânea iluminada apenas por tochas, com chamas verdes, o ar era denso como se a própria escuridão respirasse. Malik Fellgrief ajoelhava-se diante de um trono de pedra negra, esculpido em formas retorcidas que lembravam raízes de árvores mortas. À sua frente, sentado com uma postura imponente e olhos vermelhos que brilhavam como brasas, estava um homem, sua aparência completamente oculta pelas sombras. Seu sorriso era sereno, mas havia algo de inumano em sua expressão.

Atrás dele, em meio às sombras, figuras silenciosas observavam. Seus olhos eram as únicas coisas visíveis neles. Reluziam em tons diversos — azuis, roxos, rosa, amarelos e verdes — enquanto um brasão do reino de Solaria, partido ao meio, pairava em pequenas bandeiras penduradas nos arredores daquele espaço subalterno.

O silêncio era cortado apenas pelo som distante da água pingando em algum lugar distante. O homem se inclinou levemente à frente, os dedos tamborilando o braço do trono.

— Você falhou... — Sua voz ecoou pela câmara, fria como o aço de uma lâmina. — Isso foi muito rápido, sabia? A culpa é minha por ter criado expectativas para um reles humano simplório como você...

Malik ergueu o rosto, seu medo visível brilhando à luz das tochas.

— Perdoe-me, meu senhor... Aquele aspirante a cavaleiro real... Mesmo com a magia proibida ao meu controle, ele... — Malik cerrou os dentes, a humilhação queimando em sua voz.

O homem no trono ergueu a mão, silenciando-o instantaneamente. Seus olhos, apesar de calmos, carregavam um peso sufocante.

— Como você é inocente. — Ele se levantou lentamente, a capa escura esvoaçando atrás de si enquanto descia os degraus do trono. — Apesar do seu fracasso... você repreendeu o cavaleiro e os outros membros do culto, e Azrael, plantou uma semente do medo no cavaleiro. E é isso o que as escritas preveem. Uma das figuras nas sombras inclinou-se levemente para frente, os olhos cintilando sob o capuz. Ele então, reafirma:

— A captura de Azrael foi prevista por mim. Ele não irá dizer uma palavra sobre nós. E a não ser que o cavaleiro mirim decida matá-lo, os outros dedos de seu culto irão resgatá-lo.— A voz do membro que havia dado um passo à frente, soou como o roçar de ossos secos.

Uma mulher, deu uma risada baixa, a ponta da língua tocando os lábios.

— Ahhh~ quando o caos se espalhar... Quantos corações irão clamar por salvação? Quantos se curvarão diante da do verdadeiro medo? Hmmm~... Estou ansiosa para ouvir seus gritos...

O homem se levanta do trono, e para diante de Malik, estendendo a mão e tocando de leve o ombro do homem ajoelhado. O toque era gelado, mas Malik sentiu uma onda de mana sombria percorrer seu corpo.

— Erga-se. Sua parte nesta história ainda não acabou. — Ele sorriu, mas seus olhos cor de sangue pareciam enxergar além da carne e do tempo. — Agora... prepare-se. O ato II está prestes a começar.

O brasão partido acima deles brilhou intensamente por um instante, e a câmara mergulhou novamente na penumbra.

Enquanto isso, em uma cela profunda sob o quartel da Cavalaria Real, Azrael Lorthaire ria baixinho para si mesmo. Acorrentado a uma parede de pedra, o sangue seco ainda manchando seu peito, ele balançava o corpo levemente, como se ouvisse uma música que ninguém mais podia escutar.

Caelum o observava do outro lado das grades, os braços cruzados sobre a armadura, agora limpa. Seu olhar era de puro desprezo, mas também de vigilância — como se esperasse que Azrael pudesse se libertar a qualquer momento.

— Você perdeu, Lorthaire. Não há ninguém que venha te salvar. — A voz de Caelum era firme, mas seu tom carregava o peso de noites sem dormir.

Azrael ergueu o rosto lentamente. Seus olhos verdes brilharam no escuro da cela, e um sorriso largo se abriu em seu rosto pálido.

— Hehehe... Você acha que isso acabou? Oh... cavaleirozinho de armadura brilhante... — Ele inclinou a cabeça para o lado, o som dos ossos estalando no silêncio. — Eu fui só o primeiro... Eles estão chegando para o meu resgate, eu consigo sentir... AHAHAHAHAHAHA!!!

Caelum deu um passo à frente, segurando a barra de ferro da cela com força.

— Quem são eles? Quem está por trás de tudo isso? Fale, ou eu juro que farei você desejar a morte.

Mas Azrael apenas sorriu, o olhar insano fixo no cavaleiro.

— Não é óbvio? O nosso culto, o Culto X, que adora o deus da obscuridade. QUE ELE SEJA LOUVADO! AAHHAHAHAHAHAHA!!!

O eco da risada percorreu os corredores de pedra, desaparecendo na escuridão.

A quilômetros dali, na Mansão Ragenhilde, o vento suave balançava as cortinas de veludo. O jardim iluminado pela luz da lua estava silencioso, mas duas figuras movimentavam-se em um dos pátios internos.

Haruto Takemoto girou o corpo, desviando-se do ataque rápido de Althea D'Valera. O som das lâminas de treino de madeira ecoou enquanto ele bloqueava o próximo golpe. Suor escorria pelo rosto do jovem, mas seus olhos brilhavam com determinação.

— Você está evoluindo tão rápido... — disse Althea, ofegante, mas com um sorriso de canto nos lábios. — Mas ainda está muito lento.

— Eu tô tentando! — respondeu Haruto, avançando com uma estocada rápida.

Althea desviou com elegância, girando o corpo e acertando o flanco de Haruto com o cabo da espada. O impacto fez o jovem cambalear para o lado, caindo de joelhos.

— Argh...! — gemeu ele, segurando o lado do corpo.

— Levante-se. A dor faz parte do aprendizado. — A voz de Volten Ragenhilde soou atrás deles.

O duque caminhava lentamente pelo pátio, as mãos cruzadas nas costas. Seu olho dourado observava Haruto com um misto de curiosidade e expectativa.

— Este mundo não terá piedade de você, Haruto. Se deseja sobreviver, precisa se tornar mais forte. Até porque sua existência já alterou o curso desta história. — Volten parou ao lado de Althea, lançando um olhar breve para a jovem antes de se voltar novamente para o garoto ajoelhado. — Você já percebeu, não é? Que tudo ao seu redor... são como as páginas de um livro em movimento. E agora... você faz parte desse enredo.

Haruto apertou os punhos, o peito subindo e descendo com a respiração acelerada.

— Eu não quero ser apenas uma peça nesse jogo... — disse ele, a voz baixa, mas firme. — Como eu já disse, minha escolha será viver. Se esse mundo é um livro... Então, eu quem vai escrever o final dessa história. Eu conto com a ajuda de todos vocês, incluindo você, Volten. Eu gostaria também de te agradecer, pela hospitalidade em sua mansão.

Volten sorriu — um sorriso enigmático, quase divertido. Seu olho brilhava como o reflexo de um fogo distante.

— Heh... Que interessante... Mas não precisa me agradecer. Vamos ver até onde esse seu desejo de viver o levará, jovem Takemoto. — Voltando-se para o céu estrelado, ele ergueu o rosto como se ouvisse algo além do alcance dos ouvidos humanos. — Afinal... os verdadeiros protagonistas desta narrativa... ainda nem entraram em cena.

A brisa noturna soprou pelo pátio, agitando as folhas das árvores. No horizonte distante, além das montanhas que cercavam Solaria, um trovão ecoou baixo, como o prenúncio de uma tempestade que ainda estava por vir.

E então, o mundo mergulhou no silêncio novamente.

Prefácio

Life, Afterlife — 別世界のいくつかの人生。—

Saudações humanos, eu sou chuuni, e tenho muita honra de, após horas e horas preso em um porão, ouvindo minha playlist de J-Pop no repeat, apresentar a vocês minha primeira Light Novel, e minha primeira experiência como escritor. Estou bem nervoso, mas animado. Essa versão está sem ilustrações, mas estou as produzindo, então aguarde, por favor.

Não se engane com meu nome de artista– Na verdade, eu sou BR, com 20 anos (todos que souberem que o primeiro lançamento dessa LN foi em português, você vai pescar essa) apaixonado por animes e mangás do gênero Isekai, também extremamente apaixonado por Light Novels. Estou aprendendo ainda a como escrever, e escrevendo este livro percebi o quão infernal é a vida de um escritor.

Meu ídolo principal é Tappei Nagatsuki. Meus outros ídolos que gosto muito são Natsume Akatsuki, Yū Kamiya (também pouco conhecido como Thiago Furukawa Lucas) e Nisio Isin.

(...) Pois é, devo parecer ser chato por ter tão poucos artistas favoritos.

Por eles, me senti muito pressionado para escrever um loooooongo volume com várias páginas e com pelo menos umas 60.000 palavras. Como não tenho habilidade para isso ainda, senti que minhas meras 12.000 palavras (contando com o prefácio...) foram suficientes por hora, por mais que talvez não sejam. Eu pretendo desenvolver mais nos próximos livros, e encher cada volume com várias e várias palavras, mas que seja divertido e emocionante de ler também.

Meu objetivo é criar todo um mundo cheio de vida, brilhante e cativante, e me tornar um escritor assim como aqueles que tanto admiro. Minhas resoluções para a contratação do próximo livro são:

- Melhorar a descrição dos personagens e do cenário

- Conseguir desenvolver mais diálogos e relações

- Fazer com que meus personagens sejam mais fáceis de se apegar (por mais que eu já tenha adorado a metade deles, os mencionados que vocês ainda não viram neste livro...)

Não sei o que o destino me aguarda, mas de qualquer forma, agradeço muito as pessoas mencionadas acima por serem minhas inspirações e fonte de coragem para seguir. E a todos os meus futuros leitores, espero que gostem de Life, Afterlife– eu gostei. Por favor, deixem seus comentários em todas as plataformas que eu soltar este volume, pois quero muito saber a opinião de todos. Livro 1: Fechado!! Muito obrigado por me dar essa chance, e por ler! Por hora, tchauzinho!

E não se esqueça: Pelos Cavaleiros da Ordem Real, nós juramos proteger e servir! Vida longa ao Rei Claudio von Solaria X!

- chuuni

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